«(...) José B. crescera e quase nada tinha mudado. O outro era amigo da família e vinha passar as tardes de sábado no jardim de casa dos seus pais. No escritório onde trabalhava tinha quase mais clientes do que os seus colegas, o que lhe chegava para arrendar um apartamento simpático com quase tantas assoalhadas como o do vizinho. Tinha quase os mesmos amigos que sempre tivera e que, como ele, quase se tinham esquecido das viagens que tinham feito. Ainda bebiam cerveja.
E Deus (em Quem, porque a sua mulher irresistivelmente lhe pedinchara, voltara a acreditar) dava-lhe ainda duas coisas tremendas. E essas duas coisas tremendas, tremendamente incompatíveis, eram o seu filho e uma guitarra eléctrica.» (in O advogado José B. que queria cantar como o Jeff Buckley, 3 de Junho de 2007)
Mais de um ano depois o quase-advogado é ainda um quase-quase: quase a desistir do curso, quase a acabá-lo com notas quase invejáveis; quase a tocar numa banda de baladas-roque, quase a partir a guitarra contra a parede. Quase o quase-advogado percebe que uma menina de olhos muito verdes e cabelos muito loiros que não lhe dê a ele muitos cabelos brancos não é menina para ele. Quase percebe que a única viagem que vale a pena fazer é só de ida - ou quase só de ida. Um ano depois o quase-advogado quase-quase descobre o que quase-quase quer dizer. E com quase os mesmos amigos que sempre tivera quase-quase percebe que vai sendo tarde demais para escrever peças de teatro sobre peças de fruta.
Quase-quase a terminar: o quase-blogue chama-se "o filho e a guitarra" mas esteve quase para se chamar "o filho e a guitarra eléctrica". Porque é que se chama "o filho e a guitarra" e não se chama "o filho e a guitarra eléctrica"? O quase-advogado não sabe. Pode ser que seja do fado que ouvia quando se lembrou do título, pode ser que seja da Grace acústica no seu colo enquanto a Satine eléctrica na cama. Pode ser que seja de ambas as coisas, pode ser que não seja nem de uma coisa nem de outra.
Isto é como o pudim, quer-se instantâneo, sem qualquer pretensão.
Quase instantâneo. Quase sem qualquer pretensão.
Bem-vindos, descalcem os sapatos, há cerveja no frigorífico!
O que ele queria mesmo era fazer peças de teatro sobre peças de fruta.
Voar sem collants
Sessão compota
- 28 a caminho de Montauk
- A Navalha
- Açúcar com Chá
- And The Leftovers
- Aquele Caderno Preto
- Avião de Papel
- Criatura
- Dor de crescimento
- É tarde, Maria
- Meia página
- Míssil Supersónico de Destruição
- O Fabuloso Destino de Juli
- O Gattopardo
- O Melhor Amigo
- O Mito do Celofane
- Oportunidade de Carreira
- Palabras sem peruca
- Pudim Royal
- Pés Descalços
- Sim
- Trama
- Vinte e três
- Virado ao Contrário
Compasso a passo
- junho 2010 (1)
- maio 2010 (1)
- março 2010 (2)
- fevereiro 2010 (2)
- outubro 2009 (1)
- setembro 2009 (6)
- junho 2009 (2)
- maio 2009 (2)
- abril 2009 (4)
- março 2009 (2)
- fevereiro 2009 (1)
- janeiro 2009 (3)
- dezembro 2008 (4)
- novembro 2008 (11)
- outubro 2008 (8)
4 comentários:
e se há cerveja no frigorífico, vou voltar.
mais um gig, e eu sempre groupie.
("Vou ser a primeira a descalçar-me?") Quase.
Cheguei.
só descobri hoje e já não uma única cerveja para uma quase-advogada também.
é suposto ir comprar?
Enviar um comentário