O que ele queria mesmo era fazer peças de teatro sobre peças de fruta.

29.11.08

Escritório, camarim

TALBOT & FELCHER
attorneys-at-law

formerly

JIMMY & SLATS
folksingers

25.11.08

Pedi ao carteiro que me lesse em voz alta

Sabes o que é? É o nãoter percebide ainda quea em patia que sen timos
(vourecommeçar, não se escreve deitadona cama, o ombro apoiado na almmofada quando o que queriadizer era o coto velo apoiadonoutrosítio)
Sabes o que é? (sentei-me, ainda na cama, escreve-se melhor)
É o não ter percebido ainda se o que sentimos sou eu só que o sinto. Vamos, tu namoras, por namorar entendo fazer aquelas coisas que fazem os namorados quando juntos; namoras, o que é bom, o que há-de ser bom. Há-de ser algo, há-de SER. Não é nada disso: é só que não percebi (e é isso, sabes, o que é) se o que sentimos sou eu que o sinto só. Era outra coisa, era outra coisa! Era isto, ou qualquer coisa como que isto:
Que a estranha empatia não a sei, se a sinto só
se a empatia em mim só
existe
Não existe.
(la palice é com cê ou dois ésses?)
Esquece tudo, meu amor, acabei de acordar (a língua colada ao céu da boca, as ramelas, o cabelo como a maré-vaza), não estou para ninguém.
Gostava de tentar contigo, um dia
(era isto!)
na sala-de-estar que há-de ser a única divisão da minha casa (um sofá largo e fundo roubado ao camião do lixo, uma mesa redonda, um candeeiro de vidro fosco e uma janela; restos de ontem, colheres e canecas sujas, um maço e um livro e música na grafonola faz-de-conta), tentar contigo um dia
Olhar.
Eu sentava-me aqui, tu sentavas-te à minha frente. Acendíamos cigarros, se quiséssemos; a cafeteira haveria de estar sempre cheia e quente. Punhas-te confortável (descalça os sapatos, tlum! no tapete, ufa-tlum! no tapete e para fora; encolhe as pernas e abraça a almofada velha), eu punha-me confortável também, inventava uma posição que fingisse conhecer (é suposto conhecer o meu próprio sofá, que merda) e olhava-te, assim como tu me olhavas, tal como tínhamos combinado.
Esquecíamos a treta das almas gémeas e o que quer que tivéssemos decidido que devia ou não acontecer. O universo não é dever, é desordem porque é ser, e as almas gémeas são hormonas que se toleram. Tu e eu saberíamos disso - e não perceberíamos um chavo do seu significado. Como te disse:
Tu sentada, eu sentado, olhávamo-nos
(a janela fechada, deixa-a estar, esquece o fumo de cigarro que disfarças não te desnortear, acabará por suspirar e expirar num estalo POP! nos caracóis soltos do teu pescoço. Há dias em que me pareces carregar toneladas; dias em que, sem te tocar, me pesas nos braços)
e isso seria só. Olhávamo-nos, apenas. Não à espera da telepatia, não da palavra, do telefone ou telefonia; nem à espera do correio nem à espera do sorriso. Olhávamos um para o outro até não podermos mais. Até nos doer
(não o frio, não a fome)
existir. Como num jogo: ganhava quem assim conseguisse ficar mais tempo, perdia a quem doesse mais. E como adoras jogos, e como detestas perder,
- Ganhaste, dói-me a cabeça
e pulava para o teu sofá. Fechava os olhos e o corpo, os meus ombros já nas tuas pernas, as tuas mãos despenteando-me o coração. Sem chorar,
(sou lá algum maricas)
seriam lágrimas de fumo a inundar-te o colo.
Esquece a treta das almas gémeas: elas não existem. O que existe, estou certo, é mexeres-me no cabelo sem que te peça; é tremeres a ponta do cigarro porque te pareço menos grotesco assim de perto. Agora sopra o fumo e apaga a beata no muro do coreto
- Anda dançar, esta sabes
no muro do coreto porque não há casa nem restos de ontem. E o que existe, estou certo, é o sol já se ter posto e ainda o ver nas tuas mãos.
O que existe é o que sentimos
se não sei se o sinto só.

13.11.08

A irmã e a guitarra



Parece uma bicicleta.

Todos os mails "FW: Fwd:" fossem assim

«If the global financial crisis continues, by the end of the year only two banks will be operational, the Blood Bank and the Sperm Bank. Then these two banks will merge into a single bank, the "Bloody Fucking Bank".»

9.11.08

6.11.08

A minha máquina de escrever faz parágrafos onde não quero

Vi um louco de veludo
de louco inchado urrando garrett abaixo
- Porcos! escarrando, acho
aos cegos e aos sábios
e à menina do rio,
loiríssima com pinta de actriz
dos olhos pintalgados de lágrimas a verniz
à carne dos lábios
tremendo de frio.

O louco sorriu e à descida
descobriu-lhe uma ferida,
deu murros no peito
e achou-se com vida.
Retrato perfeito, não era ela mais nada
que a boca loiríssima, tímida e escancarada
de um anúncio a perfume
Envy
Desire
Doom!
da paragem do autocarro. Por muito-pouco
não engoliu ela o escarro do louco,
o escarro de perfume
enlouquecido de ciúme,
O cego morto e o sábio rouco.

Desfez sua a trança e não se olhou ao espelho
na fácil confiança de um vestido vermelho.

Mas a verborreia por ali ficara. Apetecia-lhe falar de Lisboa e não conseguia. Fazer uma festa, celebrar não sabia bem o quê. Pisou o cigarro, tomou a sua bica e abalou. Um estudante de Direito não sabe escrever.

5.11.08

E eu que era agnóstico

4.11.08

O primo e a guitarra



Parece um trompete.

3.11.08

Queres ir passear o cão para o jardim dos drogados comigo?

Nunca um piqueno poema de um jovem (de quase 22 anos) com a maturidade intelectual de uma pêra-abacate apareceu durante tanto tempo (quase 4 dias) na primeira página de um blogue. Obrigado pelos comentários (quase 1).